Historiador Frede Abreu (BA)

Mestre Neneu (BA),Frede Abreu (BA) e Mestre Nacional(RJ) no evento em Itaúnas 2009

No dia 21 de janeiro de 2011, Capixaba fez 50 anos. Já? Sim, já? Quem diria dizendo: cinqüenta anos é uma boa.

Como passa rápido o tempo. A depender do pique de vida da pessoa, 50 anos podem passar muito rápido. Parece que foi ontem: passaram como se fossem 50 dias. Enganosa contagem é verdade. É apenas um mero parecer. É só olhar para Capixaba para se perceber os sinais indeléveis e jubilados da passagem do tempo, no seu corpo e na sua alma. Destes sinais ninguém escapa. Ainda mais esse pessoal que apesar do prazer de jogar capoeira a ela sacrificou os melhores momentos da sua vida, principalmente para aqueles que (como eu) acham que o melhor tempo da vida é o da juventude. Sabe o que diz seu Rogério, pai de Capixaba quando afirma o quanto é duro ser pai de um capoeirista, principalmente quando este capoeirista é do tipo do Capixaba. É de lascar! E olha que seu Rogério é gente boa e avançado.

Capixaba fez parte de uma geração de capoeiras, muitos dos quais pertenceram às famílias de boa condição social, de prestigio político e posses econômicas que a sociologia considera como de maior representatividade na sociedade. A expectativa profissional para os filhos dessas famílias estava voltada para as profissões ditas superiores: advocacia, medicina, engenharia, jornalismo..., que os pais pudessem dizer de boca cheia: meu filho é advogado; craque de futebol, músico, arquiteto, político, ator da Globo, formado em informática. Todavia formado em capoeira, soava estranho. Deus me livre de tamanha provação!

Porém a geração de Capixaba contrariou e frustrou aquela expectativa. Seduzida de corpo e alma pela capoeira ao universo desta manifestação se entregou mesmo sem enxergar grandes possibilidades de futuro para suas vidas. Mas dessa forma foram ajudando na abertura de outras vias e possibilidades para firmar a nobreza dessa arte. Em compassos de aventura firmaram a capoeira como arte e ofício, destinos antecipados por Bimba, Pastinha e outros capoeiristas do passado.

Nem sempre agiram pelos meios convencionais à nobreza de uma arte e profissão. Muitas vezes por conta dos ditos arroubos da juventude, por conta de tanta concorrência, da necessidade de afirmação individual e grupal, a madeira gemeu. Arrastou-se a capoeira para alguns abismos e perigos, conforme queixas dos mais comedidos e, respeitavelmente, de alguns mestres antigos. Capixaba, não precisa negar andava no meio dos turbulentos. Fez nome, fama, marca. Alimentou os quebra paus. Esta memória está gravada na história da capoeira (que se consulte os vhs, dvds dos anos 80 e 90 do século passado). Ta na hora da agente conversar mais atenciosamente com os protagonistas dessa época. E se nos desviarmos dos preconceitos veremos que dessa turma se extrai riquezas, que não podem ser eliminadas, só por causa daqueles comportamentos, não tão estranhos assim ao mundo e Najés da capoeira.

Capixaba foi bom de briga, mas sempre teve uma sensibilidade aguçada para descobrir outras facetas da capoeira. Soube reverenciar os velhos mestres, incentivou pesquisas e estudos, alimentou os aspectos culturais da capoeira. Personagem importante no processo de globalização da capoeira atuou para abrir novas fronteiras, dialogou com mestres e praticantes de outras manifestações culturais que com a capoeira têm intimidade. Sempre esteve atento ao que de novo acontecia acompanhando e ajudando a muitos pesquisadores nacionais e internacionais.

Para construção do meu acervo, hoje sob a guarda do Instituto Jair Moura, Capixaba colaborou decididamente oferecendo livros e outros documentos expressivos. Capixaba tem dons para amizade. A ele devo muita consideração.

Velho, espero que dobre estes 50. Se quiser mais, espero na oportunidade já está no céu e pedirei mais 30 pessoalmente ao Criador. Se quiser mais do que isso, aí parceiro, é com você e ele.



Frederico Abreu

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...A lenda pessoal é aquilo que você sempre desejou fazer. Todas as pessoas, no começo da juventude, sabem qual é sua lenda pessoal.


Nesta altura da vida, tudo é claro, tudo é possível, e não temos medo de sonhar e de desejar tudo aquilo que gostaríamos de fazer. Entretanto, à medida em que o tempo vai passando, uma misteriosa força começa a tentar provar que é impossível realizar a Lenda Pessoal.

Esta força que parece ruim, na verdade está ensinando a você como realizar sua Lenda Pessoal.

Está preparando seu espírito e sua vontade, porque existe uma grande verdade neste planeta: seja você quem for, quando quer com vontade alguma coisa, é porque este desejo nasceu na alma do Universo.

É sua missão na Terra.

(O Alquimista)
Autor : Paulo Coelho