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Besouro Mangangá (BA) |
Na Bahia, a história dos grandes capoeiras vive na imaginação popular e nas cantigas cantadas por eles,narrando as suas façanhas.Dentre todos, o que ainda permanece na memória dos capoeiristas em virtude das suas atitudes periculosas é Besouro.Um dos seus dicípulos em Salvador,Cobrinha Verde(Rafael Alves França)informa;
Manoel Henrique Pereira nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação no ano de 1885, Filho de João de Matos Pereira(João Grosso), e dona Maria José (Maria Haifa), foi lá, perto do Distrito de Oliveira de Campinho no Quilombo Urupy que nasceu Besouro. Ainda garoto, o destino colocou em seu caminho o velho Africano Alípio, um negro de muita sabedoria. Alípio foi cativo do engenho Pantaleão crescido no sofrimento da escravidão, onde passou por maus tratos até vir a abolição, conheceu besouro ainda jovem e passou a ser o seu mestre, o lugar onde o Africano Alípio ensinava Besouro era no meio das plantações e nos canaviais. Besouro de Mangangá foi um capoeirista em um período anterior ao de mestre Pastinha e mestre Bimba. Ele representa, de alguma forma, o estilo de praticantes da capoeira quando dividida por grupos referentes aos bairros da cidade. Um padrão das maltas de capoeiras do século XIX.Besouro era vaqueiro e amansador de burro bravo, cuidou de gado leiteiro, e também trabalhou em uma lancha que se chamava ”Deus me guie”. Besouro foi bom discípulo, aprendeu os ensinamentos de seu mestre, o velho africano, foi crescendo e se tornou um grande conhecedor da arte da capoeiragem. Besouro também serviu o exército brasileiro, e não gostava de polícia, tinha uma fama de vingador e desordeiro, pois sempre se envolvia em confusões. Não tinha homem valente que Besouro não derrotasse, não tinha faca e nem facão que o perfurasse, nem bala que alcançasse seu corpo, existe uma lenda que contam sobre Besouro Preto, que se transformava em inseto e saia voando... ouvi muitas historias sobre Besouro, também chamado de cordão de ouro, seu corpo teria sido fechado por milhões de babalaôs, enfim, um homem protegido por todos os santos. Besouro ficou famoso pelos seus confrontos com a polícia (os quais nunca perdeu), por suas brigas quando utilizava os golpes de capoeira e faca que derrubavam seus adversários e empunhava seu poder de capoeira valentão e bamba. Besouro de mangangá é o elo de ligação com a capoeira do século (XIX)
Tradição dos escravos das lutas pela liberdade musical, no encontro entre samba, batuque e tempo de conflitos entre maltas, disputas a navalha e capangas eleitorais. Tempo também de invenção de capoeira.
Manoel Henrique Pereira, aos 23 anos de idade foi preso e processado no artigo 303,por ter cometido lesões corporais em Argel Cláudio de Souza, agente da policia civil de Salvador(BA). O acontecimento ocorreu em 6 de setembro de 1918, assim a vítima relatou os fatos após dois dias.
A MORTE DE BESOURO
"Passados uns tempos,depois de muitas brigas,Besouro foi empregar-se de vaqueiro na fazenda de um senhor de nome Dr. Zeca.Este homem tinha um filho de nome Memeu que era muito genioso,que teve uma discussão com Besouro.O fazendeiro tinha um amigo que era administrador da Usina Maracangalha,de nome Baltazar,pelo próprio Besouro,pedindo ao administrador que desse fim do Besouro por lá mesmo.Baltazar recebeu a carta,leu,e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte.Besouro passou a noite na casa de uma mulher da vida; no outro dia foi buscar a resposta.Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens,que o iam matar.As balas nada lhe fizeram; um homem o feriu à traição, com uma faca.Foi como o conseguiram matar".(Waldeloir Rego-1968)
Contudo encontra-se em plena harmonia com a tradição oral que afirma o falecimento de Besouro após ferimento causado por faca de “tucum”,que também não se tem a identidade do assassino.
"Manoel Henrique,mulato escuro,24 anos natural de Urupy,residente na usina Maracangalha,profissão vaqueiro,entrada no dia 8 de julho de 1924 às 10 e meia hora do dia falecendo às 7 horas da noite,de um ferimento perfuro-inciso do abdomem"(Antônio Liberac 2002).
Fonte:Professor Pardal (SP).